A SALAMANDRA DE OURO

Há cerca de sessenta anos assisti, no quase centenário Cine Teatro Ilhéos, o filme intitulado A Salamandra de Ouro, que inspirou-me a escrever a matéria de hoje. Lembro-me, ainda, que foi estrelado pelo talentoso ator inglês Trevor Howard, personificando um famoso professor de paleontologia da vetusta Universidade de Oxford. O aludido professor defendia a tese da existência de uma antiga civilização na região da Germânia, que teria desaparecido em razão de violento abalo sísmico, ocorrido antes do estabelecimento de civilizações europeias bem antigas, tais como: grega, minoica, etrusca, celta, burgúndia, huna, visigótica, gaulesa, etc. Segundo o respeitável mestre as edificações estariam soterradas há aproximadamente trinta metros de profundidade, nos limites da antiga Germânia com as fronteiras do antigo Império Romano. Tal tese, defendida com brilhantismo e entusiasmo pelo renomado paleontólogo, encontrava defensores entusiastas entre seus alunos, colegas universitários, cientistas e, até, entre ricos empresários ingleses. Desse modo não foi difícil encontrar apoio oficial e patrocínio para organizar uma expedição exploratória. O grupo estabeleceu-se num sítio próximo a possível localização da antiga civilização perdida, situado no subúrbio de uma cidade importante. Logo depois de estabelecidos começaram a realizar as escavações, encontrando os primeiros vestígios há cerca de vinte metros de profundidade. Todas as peças, à medida que iam sendo encontradas, eram devidamente recolhidas e catalogadas. Entre as peças a mais importante era uma escultura em ouro de uma salamandra. Tal peça continha uma inscrição em um idioma não conhecido. Logo o mestre iniciou pesquisas objetivando traduzir a inscrição, valendo-se dos seus conhecimentos de sânscrito, das escritas cuneiformes, hieroglíficas e outras bem antigas. Chegou mesmo a deixar as pesquisas de campo a cargo de substitutos para dedicar-se integralmente à tradução. Numa dessas noites de pesquisa presenciou acidentalmente um assassinato cometido numa casa fronteiriça ao prédio onde estava albergado. Pensou imediatamente em procurar a polícia local e fazer a denúncia, porém imaginou que tomando tal atitude perderia o foco de seu importante trabalho, além de enfrentar a possibilidade de incompatibilizar-se com alguma organização criminosa, patrocinadora do crime que presenciara.

Alguns dias depois da ocorrência, o veículo que o transportava até o local das escavações perdeu os freios e quase despencou num precipício. Posteriormente descobriu-se que o acidente foi provocado por alguém, que teria mexido no mecanismo dos freios. Logo depois desse acidente aconteceu outro; o desabamento de uma galeria, que despencou sobre o professor e alguns operários, quase os vitimando. Concomitantemente, a inscrição da salamandra foi traduzida. Significava: “NÃO SE COMBATE O MAL IGNORANDO-O E SIM ENFENTANDO-O”. Após refletir longamente sobre o significado da inscrição o professor resolveu tomar nova atitude. Procurou a polícia local e forneceu todas as informações sobre o crime que presenciara, proporcionando condições para seu esclarecimento completo. Além do referido crime o grupo criminoso tinha sido responsável por grande número de outros eventos do gênero.
A lembrança com detalhes do filme A Salamandra de Ouro fez-me pensar sobre algumas coisas importantíssimas do quotidiano que não damos a devida atenção. Determinados assuntos que diretamente não nos afetam deixamos de lado ainda que sejam altamente danosos a outras pessoas. Antes de nos omitirmos em face de tal tipo de problema devemos levar em conta que a ocorrência poderia ser conosco ou com alguém da nossa família. Se tomarmos consciência de que é obrigação do cidadão participar das coisas que acontecem em sua comunidade jamais deixaremos de combater o que considerarmos errado. O que é errado, ainda que não nos afete diretamente em determinado momento, fatalmente nos atingirá em futuro próximo e aí já será tarde para remediar o mal.
Estamos tratando deste assunto porque estão se aproximando as eleições, época em devemos exercer com sabedoria (não é esperteza) o nosso direito de voto. Ao exercitarmos tal direito devemos levar em conta o interesse público. Votar por mera simpatia ou pela expectativa de receber algum favor é algo de muito errado. Em tais casos estaremos colocando nossa conveniência pessoal acima do interesse geral. Analisem a situação da nossa cidade. Vejam como está a arrecadação. Quanto está devendo em razão de obras contratadas com preços superfaturados, de precatórios trabalhistas oriundos de demandas fabricadas por governantes com pouco escrúpulo ou despreparados, de obrigações fiscais (INSS, FGTS, PIS/PASEP) oriundas de obras contratadas com empresas inidôneas. Neste último caso empresas que não recolheram obrigações fiscais e o município foi obrigado a assumi-las, como contribuinte substituto. Além de tais fatos, altamente danosos ao interesse público, somem-se as perdas de PETROBRAS, BRASILGÁS, etc., etc., etc. Não bastasse tudo isto leve em consideração o fato de que Ilhéus está sem representação (pelo menos a que poderia e deveria ter) na Assembleia Legislativa e na Câmara Federal, há bastante tempo. Enquanto isto ocorre uma verdadeira legião de estrangeiros pesca nossos votos, inclusive alguns que querem usurpar parte do nosso território.
Pense bem nisto. Não se omita. Seu voto e seu trabalho de conscientização dos amigos e das pessoas sobre quem você exerce influência são importantíssimos para mudar o quadro que infelizmente instalou-se na nossa pobre cidade.
Lembrem-se da inscrição existente na SALAMANDRA DE OURONÃO SE COMBATE O MAL IGNORANDO-O E SIM EMFRENTANDO-O. O futuro de nossa terra depende exclusivamente de cada um de nós. Não se omita. Você é muito importante.Escrito por Antonio Olimpio