Dois terços das famílias apostam que o novo ano trará mais melhorias socioeconômicas ao país. Quanto maior a escolaridade e a renda, maior o otimismo. Em dezembro, Índice de Expectativa das Famílias medido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) sobe e atinge 67%. Segundo presidente do Ipea, Marcio Pochmann, confiança induz crescimento, via consumo.
Najla Passos
BRASÍLIA - Após o primeiro ano de mandato da presidenta Dilma Rousseff, os brasileiros de todas as faixas de renda e níveis de escolaridade estão mais otimistas com a situação socioeconômica do país, segundo pesquisa divulgada nesta quinta-feira (5) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Pelo levantamento, em dezembro, 64,4% das famílias acreditavam que, em 2012, o Brasil passará por melhores momentos do que em 2011. Em novembro, 60,1% das famílias mostravam grandes expectativas para o futuro próximo.
Este otimismo tem chances de se tornar uma espécie de profecia que se autorrealiza. De acordo com o presidente do Ipea, Marcio Pochmann, a confiança das pessoas atua como fator redutor ou indutor do crescimento econômico. “Se as expectativas estão otimistas em relação ao futuro, tende-se a gastar mais. Quando há forte pessimismo, gasta-se menos”, disse.
O otimismo dos brasileiros resulta de uma percepção de que houve melhoria nas condições de vida. Em dezembro, 78,2% das famílias diziam se sentir melhores financeiramente do que um ano antes. Na metade de 2011, eram 74,7%. Para 2012, 86,6% das famílias apostam que irão progredir, percentual maior do que em novembro (82,7%).
Os dados apurados pelo Ipea fazem parte de uma pesquisa mensal realizada com 3,8 mil domicílios, distribuídos por 200 cidades diferentes, na qual o instituto tenta apurar um Índice de Expectativas das Famílias (IEF).
Em dezembro, o IEF atingiu 67,2 pontos, 3,5 a mais do que em novembro, igualando-se ao mais alto já observado antes (janeiro de 2011). Em dezembro de 2010, o índice estava em 64,6 pontos.
Pela metodologia do Ipea, quando o índice fica entre 60 e 80 pontos, as famílias podem ser consideradas “otimistas”. Acima disso, é “grande otimismo”. Abaixo, na faixa de 40 a 60 pontos, há “moderação”. De 20 a 40 pontos, há “pessimismo” e, de 0 a 20 pontos, “muito pessimismo”.
No mais recente levantamento, observou-se que todas as regiões do país apresentaram em dezembro um IEF superior ao de novembro, com exceção do Nordeste, que registrou queda de 0,6 pontos.
Em relação à expectativa para 2012, a região mais otimista é a Centro-Oeste (82,2% das famílias acham que a situação socioeconômica será melhor este ano) e a menos, o Sul (59,6% apostam em melhoria em 2012).
Quando se faz uma análise por escolaridade, verifica-se que, quanto mais estudo, mais otimismo sobre 2012. Estão nas categorias “superior incompleto” e “superior ou pós graduação” as mais altas expectativas (73% e 68,9%, respectivamente). O menor índice é entre os “sem escolaridade” (57,7%). A pesquisa possui ainda outras quatro categorias (fundamental completo e incompleto e médio completo e incompleto).
Já num recorte por renda, o maior otimismo sobre 2012 está entre quem ganha de 4 a 5 salários mínimos (75,8%) e entre os mais ricos (acima de 10 mínimos, 71,7%). E o menor, entre os quem ganham até um mínimo (51,9%).