A vista da cobertura
Presidentes de empresas compõem uma casta à parte. Eles têm funções vitais similares às de outros mortais, porém algo genético, comportamental, astrológico ou paranormal os separou de seus semelhantes e os colocou em um compartimento especial do planeta, um andar superior. Um aspecto da vida no topo é inegavelmente um privilégio: a vista. Pois os habitantes da cobertura estão ao menos um andar acima de seus semelhantes. De sua torre de observação eles veem tempestades se aproximando, aproveitadores espreitando, políticos conspirando, corruptos tramando, lobistas interferindo e seus pares os observando. De fato, a vista da cobertura é parte essencial e estratégica de sua função. Sem a vista ampla, eles não poderiam decidir e agir.
Uma pesquisa realizada pela PricewaterhouseCoopers (PwC), uma empresa internacional de auditoria e consultoria, consultou 1,2 mil líderes empresariais e de governo, inclusive 31 moradores de coberturas: presidentes de empresas das Américas, da Europa, da Ásia, da África e da Oceania. Os resultados revelam um quadro amplo sobre as oportunidades e os desafios do cenário econômico, mirando além das turbulências imediatas.
A pesquisa revela que, com a Europa e a América do Norte enfrentando mal tempo econômico, as empresas estão procurando- crescimento sustentável em recantos mais amenos do planeta. O capital foge das tempestades. Com isso, o desafio para as grandes empresas é desenvolver diferentes abordagens estratégicas para diferentes contextos econômicos. Afinal, o passo de crescimento dos países desenvolvidos é metade do passo de crescimento dos emergentes. Para as empresas multinacionais, cresce a importância de suas operações asiáticas e latino-americanas, com a China liderando o ranking de atratividade. Mas os olhares já transcendem os BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) e miram a África, em função de seus -recursos naturais e de suas oportunidades de negócios.
Quando perguntados sobre fontes de suprimento para abastecer suas empresas, 11% dos respondentes apontaram o Brasil. O País ficou em quinto lugar, atrás da China (37%), Estados Unidos (22%), Índia (15%) e Alemanha (14%). Porém, os perfis são diferentes: enquanto China e Índia se diferenciam pelo baixo custo, Estados Unidos e Alemanha se distinguem pela qualidade e pela inovação. O Brasil fica em posição intermediária nos três quesitos: perde em custos dos primeiros e perde em inovação e qualidade dos últimos, o que pode ser visto como uma posição indefinida e vulnerável.
Apesar da instabilidade que atinge grandes economias do mundo, o grau de confiança dos gestores ouvidos é alto. Mirando o crescimento, a pesquisa identificou três pontos focais para direcionar as empresas: inovação, talentos e uma agenda comum com o governo. A questão da inovação relaciona-se principalmente à ascensão de uma nova classe média nos países emergentes e à demanda por produtos especialmente projetados para as suas necessidades. Não se trata de bombardear os recém-endinheirados com engenhocas tecnológicas, mas de atender de forma criativa às necessidades destes (novos) consumidores.
A questão da escassez de talento é identificada como grande gargalo para o crescimento das empresas: teme-se não ter quadros com competências suficientes para viabilizar seus planos de expansão. Além disso, em mercados de trabalho aquecidos como o brasileiro, a rotatividade é alta, torna instáveis os quadros e dificulta a gestão. Conforme observou um entrevistado, salário não é tudo. É preciso que as empresas ofereçam aos seus funcionários uma relação proveitosa de longo prazo, coisa que poucas sabem fazer.
A questão do relacionamento com o governo emerge como tema essencial para garantir a competitividade em áreas tais como educação, saúde e infraestrutura. Naturalmente, a relação com o poder público é delicada, um pântano no qual vicejam lobistas inveterados e corruptos famintos. Mesmo que não faltem motivos para aproximação, a relação é difícil e cheia de interesses conflitantes. Ainda assim, conforme observou Marcelo Odebrecht, um presidente brasileiro entrevistado, as Parcerias Público-Privadas possibilitam fazer certos investimentos com alocação ótima de riscos e responsabilidades, liberando os recursos do governo para a área social.
Os resultados da pesquisa indicam que os habitantes da cobertura miram o horizonte mais amplo e reconhecem que seu direito à vista depende de sua capacidade de mover suas empresas em direção aos interesses de clientes, governo e sociedade. Não se trata de altruísmo, mas de uma pragmática necessidade de negócios. Tanto melhor que beneficie os moradores dos andares mais baixos e das cercanias.
Uma pesquisa realizada pela PricewaterhouseCoopers (PwC), uma empresa internacional de auditoria e consultoria, consultou 1,2 mil líderes empresariais e de governo, inclusive 31 moradores de coberturas: presidentes de empresas das Américas, da Europa, da Ásia, da África e da Oceania. Os resultados revelam um quadro amplo sobre as oportunidades e os desafios do cenário econômico, mirando além das turbulências imediatas.
A pesquisa revela que, com a Europa e a América do Norte enfrentando mal tempo econômico, as empresas estão procurando- crescimento sustentável em recantos mais amenos do planeta. O capital foge das tempestades. Com isso, o desafio para as grandes empresas é desenvolver diferentes abordagens estratégicas para diferentes contextos econômicos. Afinal, o passo de crescimento dos países desenvolvidos é metade do passo de crescimento dos emergentes. Para as empresas multinacionais, cresce a importância de suas operações asiáticas e latino-americanas, com a China liderando o ranking de atratividade. Mas os olhares já transcendem os BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) e miram a África, em função de seus -recursos naturais e de suas oportunidades de negócios.
Quando perguntados sobre fontes de suprimento para abastecer suas empresas, 11% dos respondentes apontaram o Brasil. O País ficou em quinto lugar, atrás da China (37%), Estados Unidos (22%), Índia (15%) e Alemanha (14%). Porém, os perfis são diferentes: enquanto China e Índia se diferenciam pelo baixo custo, Estados Unidos e Alemanha se distinguem pela qualidade e pela inovação. O Brasil fica em posição intermediária nos três quesitos: perde em custos dos primeiros e perde em inovação e qualidade dos últimos, o que pode ser visto como uma posição indefinida e vulnerável.
Apesar da instabilidade que atinge grandes economias do mundo, o grau de confiança dos gestores ouvidos é alto. Mirando o crescimento, a pesquisa identificou três pontos focais para direcionar as empresas: inovação, talentos e uma agenda comum com o governo. A questão da inovação relaciona-se principalmente à ascensão de uma nova classe média nos países emergentes e à demanda por produtos especialmente projetados para as suas necessidades. Não se trata de bombardear os recém-endinheirados com engenhocas tecnológicas, mas de atender de forma criativa às necessidades destes (novos) consumidores.
A questão da escassez de talento é identificada como grande gargalo para o crescimento das empresas: teme-se não ter quadros com competências suficientes para viabilizar seus planos de expansão. Além disso, em mercados de trabalho aquecidos como o brasileiro, a rotatividade é alta, torna instáveis os quadros e dificulta a gestão. Conforme observou um entrevistado, salário não é tudo. É preciso que as empresas ofereçam aos seus funcionários uma relação proveitosa de longo prazo, coisa que poucas sabem fazer.
A questão do relacionamento com o governo emerge como tema essencial para garantir a competitividade em áreas tais como educação, saúde e infraestrutura. Naturalmente, a relação com o poder público é delicada, um pântano no qual vicejam lobistas inveterados e corruptos famintos. Mesmo que não faltem motivos para aproximação, a relação é difícil e cheia de interesses conflitantes. Ainda assim, conforme observou Marcelo Odebrecht, um presidente brasileiro entrevistado, as Parcerias Público-Privadas possibilitam fazer certos investimentos com alocação ótima de riscos e responsabilidades, liberando os recursos do governo para a área social.
Os resultados da pesquisa indicam que os habitantes da cobertura miram o horizonte mais amplo e reconhecem que seu direito à vista depende de sua capacidade de mover suas empresas em direção aos interesses de clientes, governo e sociedade. Não se trata de altruísmo, mas de uma pragmática necessidade de negócios. Tanto melhor que beneficie os moradores dos andares mais baixos e das cercanias.