Depois da marola

 

Uma nova turbulência financeira internacional se avizinha, talvez mais grave, e as condições do Brasil para enfrentar a crise já não são as mesmas de 2008. Foto: Sérgio Lima/Folhapress
Menos de três anos após um temporal varrer as finanças mundiais, na sequên-cia à quebra do banco norte-americano Lehman Brothers, uma nova tormenta se avizinha. Aumenta o risco de uma crise ainda mais severa na União Europeia, a despeito do novo acordo para salvar a Grécia de um calote iminente, falta consenso político nos Estados Unidos quanto ao limite de endividamento do governo e a economia chinesa desacelera, não se sabe bem em que medida. Difícil prever de quais dessas nuvens carregadas despencarão os primeiros pingos de chuva, mas não é desta vez que o Brasil deixará de se molhar durante uma tempestade cada vez mais visível no horizonte.
O País fechou o primeiro semestre com um passivo externo líquido da ordem de 1,2 trilhão de reais. Em português claro, essa é a diferença entre os investimentos de brasileiros no exterior, que vão de fábricas e participação em empresas a empréstimos concedidos a outros governos, e os ativos que estrangeiros detêm por aqui. A entrada de dólares, resultado tanto da atratividade da economia brasileira quanto da oportunidade de desfrutar de taxas de juro entre as mais altas do planeta, fez o saldo negativo aumentar mais de duas vezes e meia desde a turbulência financeira internacional de 2008.
Embora disponha de um guarda-chuva- de 333 bilhões de dólares, em reservas, o Brasil não é capaz de, com ela, cobrir mais que 60% da potencial debandada- de recursos que seria desencadeada por um episódio como a falência do Lehman. O cálculo foi feito a pedido de CartaCapital pela professora do Instituto de Economia da Unicamp, Daniela Magalhães Prates. “O Brasil está vulnerável no curto prazo”, conclui a especialista.*
*Leia a matéria na íntegra na edição 656 de CartaCapital, nas bancas nesta sexta-feira 22.