De Quintana a Neruda: Lourival faz citações literárias e evita falar de crise do TJ-BA


De Quintana a Neruda: Lourival faz citações literárias e evita falar de crise do TJ-BA
Foto: Max Haack / Ag. Haack / Bahia Notícias
Com uma fala “longa e cansativa”, como o próprio admitiu, o desembargador Lourival Trindade foi empossado nesta segunda-feira (3) como o novo presidente do Tribunal Justiça da Bahia (TJ-BA). Em seu discurso, fez várias citações literárias e evitou falar sobre a crise da Corte, mas adotou um tom otimista sobre o futuro do Judiciário baiano.

O Tribunal de Justiça vive uma crise desde que o Superior Tribunal de Justiça (STJ) mandou, em novembro do ano passado, afastar o então presidente da Corte, Gesivaldo Britto, e mais três desembargadores: José Olegário Monção, Maria da Graça Osório e Maria do Socorro Barreto Santiago. Além deles, os juízes Marivalda Moutinho e Sérgio Humberto Sampaio. A ação da Polícia Federal contra os magistrados ficou conhecida como "Operação Faroeste".  Os desembargadores não compareceram a posse de Lourival (saiba mais aqui).

Em sua fala, o novo chefe não falou sobre o caso, mas afirmou que "temos que ser essencialmente otimistas e havemos de vencer todos os desafios". Também defendeu o combate à corrupção, mas respeitando o devido processo legal. Na avaliação dele, os atos ilícitos representam "obliteração do senso ético e representa [m] enfim a insensibilidade moral". 

"Infelizmente, nesses tempos sombrios a sociedade não tem visto a Justiça ou o Poder Judiciário como o guardião dos seus direitos constitucionais", declarou. Em quase uma hora de fala, Lourival citou os poetas Carlos Drummond de Andrade, Pablo Neruda, Mário Quintana, o escritor português José Saramago e juristas, como Carlos Ayres Brito, que estava na posse.

Ainda na sua fala, Lourival falou sobre a "judicialização da política" e também pediu ajuda a sociedade. "[Faço] a convocação de todos as cidadãs e de todos os cidadãos para que nos ajudem a construir o Poder Judiciário de nossos sonhos. Sejamos solidários nesta tarefa. Vamos compartilhar essa tarefa", pontuou. 

Segundo ele, na sua gestão, haverá a valorização dos servidores e juízes, principalmente, do primeiro grau. Também prometeu investimentos em tecnologia, embora tenha reconhecido que seja um "analfabeto político". "Diante dessas novas tecnologias, o Judiciário não pode permanecer indiferente", frisou. O novo chefe do TJ-BA revelou que o seu neto, Júlio, de 11 anos, o inscreveu para comandar a Corte. "[Ele me disse] vô, larga de ser burro. E eu dizia: vou continuar sendo burro", brincou.  Informações do site Bahia Notícias