Dizem que a Justiça é cega e se
essa afirmação é deveras verdadeira, ela não cuidou de evoluir com os tempos
para buscar através das inovações tecnológicas, pelo menos, evitar o
agravamento da sua cegueira. A impossibilidade de enxergar aliada a sua velhice
não só lhe traz cansaço, tornando-a improdutiva, como, também, lhe causa
embaraços auditivos, porque não ouve os
gritos de quem dela necessita imediatamente e se isola no seu cantinho recatado
e luxuoso e lá, nos intervalos das suas “pescadas”(cochilos), determina ora
empilhar, ora engavetar, ora arquivar milhares de processos, inclusive, por
conta da prescrição.
A corrupção é doença infecto
contagiosa provocada pelo vírus da desonestidade que se alimenta da impunidade
e já afetou o sistema circulatório do país, contagiando todos os demais sistemas do seu organismo. É preciso
combatê-la na sua origem, na sua causa, na sua raiz, para conter os seus
efeitos, pois, se assim não for, testemunharemos um tsunami de lama, que
inundará de lodo e mau cheiro, cada município desse nosso imenso Brasil.
É inadmissível a prescrição de um
processo judicial em qualquer hipótese, principalmente quando seja o réu um
gestor ímprobo, que se utiliza ilicitamente de recursos públicos em seu
beneficio, ou em beneficio de outrem, ou de grupos e essa inadmissão se agrava,
se esse réu, em sendo reincidente, goze do beneficio do instituto prescricional
e continue livre, a praticar novos delitos, posto que, é da exclusiva competência
e responsabilidade do judiciário julgá-lo e puni-lo no prazo estabelecido em
lei, pois, é a sensação de impunidade que alimenta a fome ensandecida dos
corruptos e a certeza dela institucionaliza o crime. Esse é o retrato atual e
fiel do nosso país.
As mudanças ansiadas pelo povo
brasileiro dependem da Reforma Política para que o voto seja realmente um instrumento
de transformação e não de barganha, um ato de consciência e não de conveniência,
nem de subserviência. Também dependem da Reforma do Judiciário para que a
Justiça seja implacável em desfavor dos corruptos e dos corruptores,
retirando-os do cenário político e impedindo-os, inclusive, do exercício
laboral nos serviços públicos, com uma velocidade maior que a velocidade com
que são praticadas as fraudes, os desvios, as corrupções. Se eliminarmos o
corrupto com ele a corrupção será exterminada. Portanto, extinguindo a causa
não seremos vítimas dos efeitos. A Justiça é o caminho mais eficaz no combate
aos corruptos e a corrupção.
Trazendo o cenário político
desenhado para a sucessão ao trono do Paranaguá em 2016 à aplicação da nossa
linha de raciocínio, conclui-se que se a Reforma Política e a Reforma do
Judiciário fossem aprovadas, se consolidassem e regessem às próximas eleições, os
candidatos “fichas sujas”
seriam retirados do cenário; os
“aparecidos” que adotam o sistema de comensalismo na relação com o povo,
perderia a característica do “peixe rêmora” que fixa uma das suas ventosas no
corpo do tubarão para ser transportado sem esforço e cômoda e preguiçosamente
se alimentar dos restos descartados; os “aventureiros” identificados como autômatos e
subservientes de partidos, não teriam condições de emprestar os seus nomes para
negociar interesses escusos, porque sendo inescrupulosos se alia sem olhar a
quem; e, por fim, os candidatos
fichas limpas inoperantes também representam uma ameaça ao eleitorado,
porque imaginam que honestidade de que são dotados é o suficiente para se
tornarem gestores públicos capazes de administrar o município de Ilhéus, que é uma
verdadeira “omelete de problemas com pepinos” sem ter mostrado capacidade de
liderança, sem conhecer as demandas da população, sem ter apresentado sequer um
trabalho de repercussão que beneficiasse a maioria dos segmentos sociais
diretamente, sem ter nunca sido um ator social operoso em defesa dos interesses
comuns.
Apesar de honestos, candidatos
com o perfil de ficha limpa inoperante, desprovidos de aptidão, capacidade,
habilidade, coragem e independência para o enfrentamento dos problemas, até que
se prove o contrário, também geram incertezas quanto à eficiência de um gestor
público, porque podemos estar diante de um inocente útil, que se esconde por
detrás de “fichas sujas”, de “aventureiros”, ou, de aparecidos e que ao ingerir
ou inspirar a sagacidade e esperteza desses seus “orientadores”, comprometerá a
sua gestão e prejudicará o povo. É preciso que mostre a cara, diga de onde vem,
o que pretende e com quem anda.
O desfile dos nomes dos pretensos
candidatos ao Palácio Paranaguá nos permite identificar os perfis de quem possa
ser fichas sujas, aventureiros, aparecidos e fichas limpas inoperantes, cabendo
a cada eleitor fazer a sua leitura particular, em conformidade com a sua visão
analítica da conduta e atuação de cada um dos candidatos, enquadrando-os na
conceituação mais adequada dentre as sobrerrelacionadas.
Se o eleitor ilheense não se unir
em torno de nomes de candidatos moralmente honestos, tecnicamente competentes,
politicamente hábeis e socialmente acessíveis, independente de esquerda, de
direita, de centro e de matiz partidária, não será preciso se ter o dom de
pitonisa para prevermos o aprofundamento do abismo no qual fomos atirados, sem
condições de retornar à superfície.
A mesa está posta e todos nós
sentados ao seu redor. O cardápio apresentado nesse momento é variado e
indigesto e mais indigesto ficará se na dúvida experimentarmos as opções
disponíveis para dentre elas escolhermos uma, a hipoteticamente mais palatável,
porque a menos prejudicial, isoladamente, causa flatulência grave, cujos
efeitos têm provocado a “entropia” do nosso meio ambiente político. Pior será
se repetirmos o trivial nosso de cada dia que aí estar e que vem nos
envenenando paulatinamente, pois, estaremos como um “kamikase”, suicidando-nos
administrativa, política, econômica e social.
As próximas eleições, mais uma
vez, serão uma oportunidade de mudanças abruptas e radicais da história
política de Ilhéus. Se o Judiciário celerizar o julgamento de alguns processos
de gestores ímprobos e condená-los, estaremos livres dos candidatos fichas
sujas. Caso contrário, dependeremos apenas e tão somente da consciência do
eleitor, com o seu voto, porém, muitos ainda votam em quem rouba, mas faz. Essa
é a maior preocupação.
Na hipótese dos “Ses”, se nem o
Judiciário, nem o eleitor decidirem pelas mudanças que Ilhéus precisa, aí, é
quase certo tratar-se de CARMA, SINA OU MALDIÇÃO. Nesse caso a solução somente será
encontrada em outros “Terreiros”.
Nicolefé Lorum(seja o
que Deus quiser)!
Texto de Aldircemiro
Duarte (Mirinho)