A valorização do trabalhador na Bahia e os novos "Pelourinhos".



No século XIX muitos avanços levaram ao que se culminaria em 13/05 do mesmo século, a saber a Abolição definitiva da escravidão no Brasil.
Mas.... Existiu mesmo, ou existe mesmo essa tal de abolição definitiva? Os movimentos que lutaram por tal conquista foram galgando aos poucos leis que iam dando fim à escravidão, como a do Ventre Livre e do Sexagenário. Mas o problema maior, gerado a partir daí foi algo que não se pensou ou não se buscou pensar.
Assim a abolição deu inicio a um novo tipo (não tão novo) de escravidão, a do assédio patronal X trabalhador. As empresas e o próprio Estado (entenda-se como Estado as esferas da União: Federal, Estadual e Municipal) procuram persuadir o campo de trabalho para seu lucro e benefício próprio com um sistema de empregos degradado que visa persuadir o trabalhador por meio intimidação quanto à sua real valia para o órgãos.
Sublocação de empregados gera uma economia à Instituição e uma "suposta" isenção de responsabilidades além de atender a interesses políticos e pessoais que não são os do trabalhador. Este, devido a falta de concursos, de oportunidades melhores de emprego, desqualificação profissional específica torna-se refém deste sistema que o oprime e muitas vezes o humilha.
Trabalhadores que além de receber um soldo abaixo da media referente aos serviços prestados pelos mesmos são forçados a ir trabalhar sem as devidas condições básicas para o exercício da atividade laboral e são orientados ou instruídos a irem mesmo que não recebam salário, auxílios ou ajuda de transporte. Só consigo lembrar de um sistema onde o trabalhador trabalhava sob qualquer situação e sem nenhuma perspectiva de objetivo ou reconhecimento....... O trabalhador escravo.
Pode parecer exagero ou um anacronismo desnecessário, contudo quando vejo situações que o trabalhador é coagido, desmerecido, desrespeitado,se submetendo a humilhações para ir desesperadamente ao trabalho tendo seus direitos trabalhistas e sindicais pisoteados como se nada fossem penso no quanto evoluímos nestes 120 anos de abolição do trabalho escravo.
Certa vez, quando eu morava em outro município e prestava serviço terceirizado para uma Instituição Pública, após 3 meses de atraso de pagamento informei que a porta do setor onde trabalhava estaria fechada até que se regularizasse isso, uma vez que até aquele momento nenhuma instância se sensibilizou pela causa. Após meia hora o responsável local pela instituição me chamou à sala dele exigindo que eu abrisse a porta ou estaria demitido. Para ele, disse apenas que se ele me demitisse deveria me pagar no ato os meses em atraso ou acionária meu advogado contra ele por coação e intimidação.
No final da tarde recebi uma ligação dos "deuses" da Instituição me informando que se eu abrisse normalmente o setor em 24hs receberia meus honorários atrasados.
Então, percebi que o prestador de serviço, seja ele um terceirizado, Reda, estagiário, prestador temporário são apenas vetores nestas empresas e orgãos, e como vetores, servem apenas para disseminar o trabalho e após um tempo, quando for inconveniente deve ser descartado para não infectar outros.
É uma pena, evoluímos tanto em umas coisas, mas em outras parece que nada mudou, só sofreu uma nova roupagem.
Mais concursos, dignidade e respeito ao trabalhador.
Texto do professor Moisés Pereira, postado no seu facebook pessoal. Moisés é graduando em história na Universidade Estadual de Santa Cruz.