Agnelo Queiroz coloca à disposição da CPI os seus sigilos telefônico, bancário e fiscal

Numa postura diferente da adotada na terça pelo governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), que disse à CPI que não via justificativa para a quebra dos seus sigilos bancário, fiscal e telefônico, o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), decidiu nesta quarta-feira (13) colocar à disposição da comissão os seus sigilos. "Ouvi uma vez de um homem do povo que quem não deve, não teme", afirmou o governador em depoimento à CPI do Cachoeira nesta quarta-feira (13). Ao anunciar a sua decisão, partidários do petista o aplaudiram efusivamente.
“Meu patrimônio hoje é bem modesto para um médico com mais de 30 anos de trabalho”, disse. A autorização foi concedida após o governador ter mencionado que está sendo acusado de enriquecimento ilícito. Um dos principais questionamentos da comissão está relacionado à casa que Agnelo e sua mulher adquiriram em 2007.Falando por cerca de uma hora aos parlamentares, ele disse sofrer perseguição política, criticou a imprensa por divulgar informações que seriam falsas e exaltou feitos do seu governo. Agnelo respondeu as perguntas do relator da comissão, Odair Cunha (PT-MG), e depois respondeu questões levantadas por deputados e senadores --mais de 20 se inscreveram para fazer perguntas ao governador.

 "O grupo aqui investigado, a organização aqui investigada, tramou a minha derrubada, um governo legitimamente eleito pelo povo do Distrito Federal, e não agiu só, mas valeu-se das falsas acusações plantadas no noticiário, vozes com acesso às tribunas do nosso país, valeu-se da boa fé de pessoas ao misturar mentiras e meias-verdades para me desgastar e me tirar do governo do Distrito Federal", afirmou.
O governador negou que o contraventor Carlinhos Cachoeira ou qualquer outra pessoa tivesse influência no seu governo para indicar empresas ou nomear servidores públicos.

Depoimento de Perillo

Ao depor na CPI na terça, Perillo foi indagado pelo relator da comissão, Odair Cunha (PT-MG), se estaria disposto a abrir o seu sigilo bancário e telefônico. Houve bate-boca com parlamentares aliados do governador, que defenderam que o pedido de quebra de sigilo só pode ser feito por meio de requerimento.
Em resposta, Perillo disse que não achava que havia fundamentação para isso. "Não vejo, sinceramente, motivos suficientes, justificativas plausíveis, fundamentação para que haja quebra de sigilo bancário e telefonico, mas essa decisão não me cabe, mas à comissão e ao Tribunal de Justica", afirmou.
Relações com a Delta
Sobre as denúncias de favorecimento à empresa Delta em contratos de recolhimento de lixo em Brasília e região, Agnelo disse que a empresa entrou no DF a partir de uma licitação de 2007, apresentando um preço 30% mais baixo do que as concorrentes. O governador desafiou qualquer pessoa a citar o nome de indicações políticas feitas por seu governo para favorecer a Delta.
Segundo disse Agnelo à CPI, seu governo não era "amigo" da empresa Delta nem do grupo de Cachoeira e que justamente por isso tentaram derrubá-lo do posto. "É por isso que queriam me derrubar, queriam derrubar o governo eleito que estava impedindo que o crime entrasse no DF", afirmou. Informou que a Delta possui apenas um contrato com o governo do DF para as atividades de varrição de rua e recolhimento do lixo, assinado na gestão anterior e que só foi mantido por decisão judicial. Segundo ele, 26 dias depois de assumir o governo do DF, em janeiro de 2011, ele ordenou uma auditoria em todos os contratos, incluindo os prestados pela Delta e identificou problemas na pesagem do lixo, o que aumentava o preço dos serviços prestados. Segundo Agnelo, com a instalação da balança para o lixão houve uma redução de gastos que antes eram de R$ 1,3 milhões por mês para R$ 350 mil por mês.
Relações com Cachoeira
Ainda de acordo com Agnelo, ele se encontrou com o bicheiro Carlinhos Cachoeira apenas uma vez, quando visitou a fábrica da farmacêutica Vitaplan em Anápolis (GO). Sobre as relações do contraventor com o governo do DF, o governador disse que o grupo de Cachoeira tentou entrar no sistema de bilhetagem de ônibus no DF, mas Agnelo teria impedido. "É verdade que a trama existiu", disse à CPI. Segundo o governador petista, antes de sua gestão, havia 2.000 cartões clonados, o que gerava um gasto de R$ 9 milhões por mês, cifra que teria sido reduzida para R$ 3 milhões mensais.
“Eu fiz uma visita à Vitapan, que era de propriedade do senhor Cachoeira, e na oportunidade ele estava presente”, disse Agnelo. “Esse foi o único contato que tive com ele. Não tenho absolutamente nada com o senhor Cachoeira”, completou.
Informações da Uol.