por Conceição Oliveira do Blog Maria Frô, twitter: @maria_fro
Paulo Henrique Amorim chamou a atenção para o aspecto desrespeitoso da Folha de São Paulo e de O Globo que reproduziram a mesma foto da presidenta Dilma Rousseff na praia. Paulo Henrique chama a atenção sobre o fato de o “PIG” jamais ter reproduzido em primeira página uma foto semelhante de Ruth Cardoso, ex-primeira dama.
Expor as coxas da presidenta Dilma, uma senhora de mais de 60 anos, equivale a fotografar o ex-presidente Lula carregando um isopor na cabeça. A intenção é a mesma: ambos fotógrafos ao desrespeitarem a privacidade dos presidentes em seu descanso de final de ano queriam capturar uma cena para desqualificá-los, ridicularizá-los contentando (como sempre) seus patrões.
A foto do ex-presidente Lula na praia com o isopor na cabeça atendeu a todos aqueles que se alimentam do preconceito de classe; a de hoje – publicada pela Folha e pelo O Globo – investe no sexismo mais tosco para ridicularizar as mulheres no poder. Está na mesma categoria da charge de Nani durante a campanha presidencial ao retratar Dilma como uma prostituta ou como fizeram outros chargistas retratando a ministra Iriny Lopes de langerie (aqui, aqui, aqui).
A composição dada pela Folha que coloca em cima da foto da presidenta uma foto de uma senhora de vestido na praia chuvosa pretende criar uma oposição também de classe: enquanto a presidenta posa de ‘gatinha’ na praia ensolarada e reservada da Bahia outra senhora mais recatada e sem a mesma ’sorte’ da presidenta também molha seus pés no mar, só que embaixo de chuva. Não deveríamos ficar surpresos com as intenções da Folha: é o único jornal que publica hoax em primeira página (a ficha policial falsa de Dilma Rousseff).
Paulo Henrique argumenta que esta mídia velha desrespeita a presidenta, porque essa mesma mídia não respeita o Brasil. Ele afirma que essas corporações midiáticas não conseguirão fazer dessas imagens de Lula e Dilma algo importante para entrar para a história. Aliás, essas páginas de não jornalismo da Folha, de O Globo servirão de estudo sim: como fontes para a história da decadência do jornalismo no Brasil.
Paulo Henrique Amorim tem toda razão quando afirma que esse jornalismo tosco não vencerá, pois a a foto da presidenta que entrará para a história será a da jovem guerrilheira de cabeça erguida interrogada por militares covardes que escondem seus rostos. Militares de uma ditadura que por sinal recebeu e deu apoio a organizações como Folha e Globo.