Chico Andrade é Geógrafo,
professor, escritor e
cientista político.
A exuberante geografia de Ilhéus, quando associada aos diversos e inéditos elementos de infra estrutura que o município deve adquirir, e a inteligente habitude da promoção da arte e cultura locais pela população, é responsável, na atualidade, pelo surgimento de um cenário sócio econômico caracterizado pela perspectiva de uma prosperidade jamais experimentada em outro período histórico.
E por falar em experiências, onde estão os experimentos e intervenções urbanas pelos quais anseia a sociedade ilheense? Qualquer cidadão de Ilhéus seja Ilheense ou apenas munícipe, e que possua em seu DNA doses de civilidade e comprometimento com os destinos da cidade deseja, hoje, requerer do governo do estado o cumprimento de promessas que, apesar de feitas de forma entusiasta, parecem esquecidas. A mais destacada promessa, dentre as muitas feitas por Jacques Wagner, é a construção da ponte popularmente conhecida como Ilhéus – Pontal, que prefiro chamar de ponte centro – sul, já que o pontal não é um município.
O processo de urbanização de Ilhéus, como sabemos, ocorreu de forma desordenada. Após a migração de trabalhadores rurais para a zona urbana do município, em função da crise da lavoura cacaueira, o inchaço dos bolsões de pobreza, aliançado a total desordem da ocupação do território urbano, gerou o tão propalado processo de favelização da cidade. Contudo, além da total ausência de infra estrutura para oportunizar em Ilhéus a reversão da favelização que vem a solapar os desejos de que ocorra uma real melhoria nos indicadores sociais, inexistem, em Ilhéus, ações competentes e transparentes para a construção de uma nova ponte. A necessidade de uma nova ponte explicita o esgotamento da infra estrutura urbana do município, e expõe a ausência de uma sintonia entre os movimentos do poder publico e a agenda da sociedade. Nenhum município, no Brasil ou em qualquer outra nação do planeta, pode possuir um único elemento de infra estrutura ligando o centro a zona sul, e é exatamente isso o que ocorre em Ilhéus. Não bastasse a dependência tão perigosa quanto absurda da sociedade em relação a um único elemento, que é a ponte, esse elemento de infra estrutura ainda está obsoleto e com sua funcionalidade fortemente comprometida, Já que o acesso da população aos bens de consumo industrializados duráveis, obtido após a estabilidade econômica, que o Brasil alcançou em 1994, produziu o surgimento de milhares de novos veículos trafegando nas ruas da cidade.
A exigência da sociedade organizada de urgência nos estudos que viabilizem a nova ponte e a conseqüente execução dessa obra não é uma bravata, não constitui algo ilegítimo. É o grito alto e responsável de um povo que conhece as necessidades de sua terra, e conscientemente luta por seus direitos. Afinal, de que adianta gerar crescimento econômico sem que haja uma estrutura para sustentar o tão propalado desenvolvimento? Ao criar e fomentar o movimento “CADÊ A PONTE”, Janete Lainha, em parceria com a sociedade, promove o esmigalhamento da letargia e do imobilismo, sem o qual não poderíamos viver nem sonhar com a solução de nossos problemas.