ESCRITO POR MIRINHO.
Nelson Simões foi uma das brilhantes marcas registradas na política ilheense até inicio da década 90. Competente, destemido, inteligente, atuante, pessoa dileta e cordata. Esse é o perfil que Nelson deixou filmado até hoje na memória de todos nós, por conta do período que aqui militou, há quase duas décadas.
Surgiram, de repente, comentários nos quatro cantos do Município que o jovem Alexandre Simões deverá assumir a pasta da Secretaria Municipal de Saúde e uma das justificativas para isso é que o jovem é filho de Nelson Simões.
Não duvidamos da inteligência, nem da capacidade, nem que o jovem Alexandre Simões é graduado e porta curso de especialização na área da saúde. Entretanto, isso não é o suficiente para que ele seja exitoso à frente de uma secretaria problemática, onde se acumulam vícios e irregularidades e a sua indicação para assumir tamanha responsabilidade, pode ser um desastre no inicio da sua carreira política, que tem tudo para ser promissora.
Para que sejam dissipadas quaisquer dúvidas quanto ao nosso ponto de vista em relação ao assunto, consignamos que não somos e nem poderíamos nos ousar em interferir nas indicações de nomes para assumir cargos cabidos legalmente ao Prefeito, nomeá-los. Apenas, nos restringimos e focamos a possibilidade do insucesso do jovem Alexandre Simões, como Secretário de Saúde de Ilhéus, diante do quadro de quase irreversibilidade do caos em que se encontra a Pasta. Não se faz saúde com estardalhaço e a propaganda nesse caso pode não ser a boa alma do negócio. Se a Secretaria estivesse saneada, funcionando regularmente, não estaríamos aqui a nos manifestar. Aliás, já que o jovem é brilhante, por que não indicá-lo para assumir outro cargo, outra Pasta sem a problemática existente na Saúde? Não seria melhor ousar-se aos desafios de outros setores onde os erros podem ser reparados, compensados, paliados, sem prejuízos, nem riscos, inclusive de maior comprometimento à vida da população?
Somente à guisa de esclarecimentos, inúmeros questionamentos irrespondíveis administrativamente a respeito da Saúde têm sido formulados, levando-nos a crer que terão deslinde judicial. Quem atuar na Pasta da Saúde de Ilhéus terá que geri-la com mão de ferro, logo, não cabem ações meramente políticas. Por outro lado, independente de ter ou não culpa no cartório o gestor da Saúde terá de absorver as pendências das gestões anteriores, porque ao assumir o cargo não poderá descartá-las, administrando-as de tal forma a não contaminar as suas ações atuais que nascerão com os problemas. Sem contar com a probabilidade de ser chamado ao pé da máquina do Ministério Público e da Justiça, para esclarecer atos que desconhece, justificar ações que não praticou e, ainda por cima, ter de “abrir o bico”, sobre segredos que conhecerá no exercício do cargo, para não levar a culpa, sem tê-la, ou, em se calando, ter de responder por omissão.
A nosso ver a empolgação e o discurso dos defensores da genealogia de Alexandre Simões para nomeá-lo Secretário Municipal de Saúde poderá levá-lo ao cadafalso político, no inicio da sua carreira, quando deveria trilhar pelo caminho do comedimento e de outros desafios, que são tantos, com o Poder nas mãos, menos o da Saúde de Ilhéus na situação caótica em que se encontra.
Estamos expondo a nossa cara à tapas, mas não poderíamos deixar de opinar sobre o assunto, principalmente, porque está se colocando um jovem na jaula de leões famintos, quando à ele poder-se-ia oferecer outras oportunidades menos espinhosa. Ademais, o agravamento dos problemas deverá ser creditado a alguém, porque, independente de quem seja o gestor, com Saúde não se brinca.
Tomara que dê certo, para que aplaudamos o sucesso do menino e a população disponha de um serviço eficiente. Mas, se certo não der, os seus defensores de hoje, esquecerão que ele é jovem e que é filho de Nelson Simões, que tem curso de especialização na área de Saúde e o retirarão de cena, mas não retirarão as marcas que ficarão para sempre no seu curriculum e que servirão de base de discursos dos opositores do futuro. E a população dirá: “Joga pedra em Simões”...
Uma estrela poderá estar perdendo o brilho da luz, ainda na sua fase embrionária, por descuido da visão e precipitação do seu astrônomo observador.
O tempo e a política são implacáveis: não perdoam. Abrem feridas que às vezes não cicatrizam e quando saram, as marcas restarão visíveis como uma advertência pelo resto da vida. Isso, quando não interrompem uma carreira, ou transforma um sonho em pesadelo.
Esse é o nosso ponto de vista.