O senador Walter Pinheiro decifrou uma das suas charadas, a Prefeitura Municipal, que projetava sombras sobre as pretensões legítimas do deputado Nelson Pelegrino, já que se admitia, sem nunca ser confirmada, uma candidatura do senador. Como daqui já comentado, ele e a sua tendência (corrente) dentro do PT estão fechados com o pré-candidato. Se, para 2012, está definido o seu caminho – acelerar os trabalhos que realiza no Senado – para 2014, eleições gerais com a sucessão de Wagner, o quadro ainda é, para Pinheiro, enigmático. Mas nem tento.
Walter Pinheiro é candidato a governador da Bahia. Só não amplifica o seu projeto por razões que devem ser, em políticas, preservadas: 1- Não adiantar em nada o processo, ainda mais quando faltam dois anos e meio para definição de candidatos; 2- Alerta que não basta o desejo de ser candidato, mas, sobretudo, das circunstâncias, do cenário futuro, que ainda terá que ganhar forma; 3- Estabelece como prioritários no momento não 2014, mas o trabalho que realiza no Senado. Da sua atuação, que tem sido intensa, ele se debruça sobre questões reclamadas pela cidadania: integridade do CNJ, controle externo essencial ao Poder Judiciário, reformas políticas para aprimorar as instituições e, dentre elas, de imediato, o fim do voto secreto.
O senador está, ainda, empenhado (ao lado de Wagner) no processo de negociação para consolidar o pólo automobilístico na Bahia. Negociam com a Jac Motors. Não somente: o senador considera que a Bahia perdeu oportunidades de negócios pela deficiência da infraestrutura de transportes, dentre as quais, além da malha rodoviária, a ausência de portos em Salvador que possam dar respaldo às empresas no setor da exportação. O Porto de Aratu (que atende a Ford e o Pólo Petroquímico) é isuuficiente. É necessária uma rede que possa interligar o setor produtivo ao sistema portuário revitalizado.
Walter Pinheiro explica o atraso: para levar a produção da região de Juazeiro ao porto de Suape, em Pernambuco, o percurso é de 700 km. Sua idéia é revitalizar (na verdade construir) uma linha férrea de Juazeiro a Salvador, cuja distância é menor: são 500 km. A ferrovia chegaria a Aratu. Relaciona, também, a ampliação do aeroporto de Feira de Santana para servir de suporte ao escoamento da produção da região.
Como todos os processos sucessórios, há confrontos. O de 2014 há um candidato já no cenário, o líder do PMDB e ex-ministro Geddel Vieira Lima. Entre o PMDB e o PT, no Estado, não há acordo, diferentemente da aliança nacional, onde o PMDB é o grande partido de sustentação do governo Dilma. O presidente da Assembléia, deputado Marcelo Nilo, do PDT, também sonha com a candidatura e acredita em coincidências que, segundo ele, acompanham a sua vida. Como, por exemplo, quando meteu na cabeça, aos 10 anos, em Antas, seu município, que seria político e deputado estadual. Outros partidos, provavelmente nanicos, como sempre acontece, lançam nomes.
A questão está no PT, na inexistência de candidato natural. Por ora, o mais denso é mesmo o senador Walter Pinheiro, se ele vier a ser lançado (o tal cenário), mas já realiza um trabalho intenso no interior do Estado. Os outros lembrados são o presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli, cuja expressão política no Estado ficou diminuta pela internacionalização do seu trabalho (acaba de ser homenageado em Londres, que apenas serve para massagear o ego e não para render votos) e a vontade expressa do prefeito de Camaçari, Luis Caetano, presidente da UPB, que lhe permitiu contatos com os prefeitos interioranos. Moema Gramacho, prefeita de Lauro de Freitas, está circunscrita (aprisionada) no seu município. Sua visibilidade é pouca, quase nenhuma. Quando Lula aparece por aqui, e agora Dilma, ela é vista nas proximidades, às vezes lado a lado, sempre sorrindo. Velha estratégia que, em outros tempos, se chamava “papagaio de pirata”, o que não desonra ninguém. Faz parte da arte do exercício da política.
O senador petista fala em “circunstâncias” (como sinônimo de cenário). Creio que nesse quesito entra Jaques Wagner que, como governador, naturalmente pesa muito. Mas não o suficiente para tirar um candidato do bolso do colete. Por diversos motivos. O principal deles é que não faz o seu estilo e, o segundo, é que não é Lula que construiu uma presidente. É preciso ter uma força apoiada em popularidade inconteste.
O governador tem aspiração de articular a sua sucessão, mas não lhe compete impor. Ficará, então, refém das tais “conseqüências” ou cenário, que, no caso específico, pode ser traduzido, de forma popular, dessa maneira: leva vantagem quem tiver mais farinha no saco.
Para articular, no entanto, o governador terá que se desincompatibilizar nove meses antes do final do mandato. Pretende, por ausência de opção para o caso, ser deputado federal. Se tal acontecer o governo passa para o vice Otto Alencar que poderá vir a ser candidato, tirando do PT e transferindo para o seu PSD neófito, a possibilidade de eleger (ele próprio) o sucessor. Como o PT receberá essa hipótese, muitíssimo viável?
Talvez Walter Pinheiro esteja também se movimentando antenado numa alternativa para o caso de uma opção Otto Alencar, unindo o PT em torno da sua pretensão para se opor fortalecido. Bem, neste caso (escrevo sobre hipótese, como se observa) ou poderá haver uma união PT-PSD-partidos da base contra o PMDB ou outra legenda que aparecer na presunção de uma união oposicionista, ou caso contrário, haverá um belo racha, diria uma explosão magnífica, como acontece, segundo os cientistas, com o que se registra com as estrelas novas. São os fatos.fonte;BAHIA NOTICIAS