Yulo Oiticica*
Mais de 400 mil jovens, de todos os 27 estados do Brasil, participaram da I Conferência Nacional de Juventude, em 2008. Das pastorais de juventude ao movimento LGBT, dos estudantes universitários aos secundaristas, do hip-hop aos povos indígenas e quilombolas, dos trabalhadores rurais aos jovens empresários. Talvez, a maior mobilização juvenil da história do país, após a célebre Passeata dos Cem Mil, em 1968.
Na ocasião, a juventude baiana mobilizou 50 mil jovens, nos 26 territórios de identidade da Bahia, sendo a segunda maior delegação do país para a etapa nacional. Esta onda juvenil contagiou os governos, resignificou o sentido de juventude e provocou uma mudança estrutural no jeito brasileiro e baiano de fazer política. O estigma de transviada, apática e despolitizada – estereótipos ideologicamente forjados para encarcerarem as ideias de uma geração inteira – sucumbiu perante um gigante em pleno desenvolvimento emancipatório.
Seja no uso das redes sociais, a exemplo do twitter e do facebook, seja na maneira multifacetada que hoje é organizada, as diferentes juventudes protagonizam um novo ciclo político em curso no Brasil e, quiçá, no mundo. A exigência de mais transparência não só dos governos, mas, também das empresas; a compreensão de que a condição do jovem vai além de uma transição etária entre a fase infantil e adulta; bem como, o poder de decidir e empreender coletivamente o destino deles põe nas mãos dos jovens o sucesso ou o fracasso deste novo projeto de país em desenvolvimento.
Obviamente, a agenda da juventude é outra. Ao invés de derrubar a ditadura, nossos jovens seguem firmes pela ampliação e universalização de direitos suprimidos em grande parte pela lógica neoliberal das décadas subsequentes do regime militar, especialmente, a década de 1990. Hoje, a luta é para aprofundar a democracia. Neste bojo, é incluída a criação da Frente Parlamentar por Direitos e Políticas Públicas de Juventude, a qual presido, e que é responsável pelo mais novo desafio apresentado para o segmento juvenil no estado: relatar e aprovar o Plano Estadual de Juventude, fruto do empenho de milhares de jovens, especialistas, gestores, parlamentares, entidades civis e movimentos sociais. Até porque ninguém se torna corresponsável por aquilo que não ajudou a construir.
O Plano de Juventude da Bahia engloba os diferentes desejos e aspirações de aproximadamente 4,1 milhões de pessoas, entre 15 e 29 anos, no estado. E tramita no legislativo baiano sob a mesma perspectiva do Senado e da Câmara Federal, que aprovaram, recentemente, o Estatuto Nacional da Juventude. Ou seja: a pressão não pode cessar, porque, esta jornada ainda não terminou.
Como diria Dom Evaristo Arns, “todas as coisas começam nos pequenos detalhes, inclusive, as grandes”. Por isso, apesar da longa caminhada, ainda é preciso reunir forças para garantir mais está conquista social. Converse com os amigos, crie grupos de discussões via e-mail ou comunidades no orkut, realize tuitaços nas redes sociais, mas, principalmente, ocupem as ruas, as conferências, conselhos e as galerias da Assembleia Legislativa da Bahia. Estaremos juntos nessa luta.
*Yulo Oiticica é deputado estadual e presidente da Frente Parlamentar por Direitos e Políticas Públicas de Juventude da Assembleia Legislativa da Bahia.