Nem mesmo um esforço hercúleo seria capaz, diante da formação de um novo cenário geopolítico global, de livrar qualquer cidade, região ou pais do mundo dos inúmeros e complexos resquícios do coronelismo e da truculência coronelista sem o devido fortalecimento da democracia. A impossibilidade da construção de uma sociedade moderna e democrática,como sabemos,entrava o processo de desenvolvimento econômico e social, e torna a sociedade atingida por tais fatos vitima de um sistema que prima pela opressão e exaltação do totalitarismo.
Conscientizar a sociedade da importância da informação, da participação política e da fiscalização dos fatos é o primeiro passo para que haja o inequívoco fortalecimento da cidadania, sem o qual não se conhece os principais problemas sociais, e, por conseqüência, não torna a própria sociedade hábil para tomar decisões importantes e clamar pela solução dos problemas que terminam, aos poucos, por lhe esfacelar. Ilhéus, cidade que segundo o celebre e amado Jorge viu nascer a flor da vida adubada na morte, teve dificuldades de compreender, por um extenso período de sua rica história, o valor da liberdade e da democracia. Mesmo diante da emergência de uma nova ordem mundial e de um cenário internacional globalizado e repleto de novidades que fazem emergir uma nova realidade diante de nossos olhos, até poucos anos atrás a imprensa ilheense parecia apática e incapaz de se fortalecer. Os olhos atentos e críticos da minúscula parcela da sociedade que compreendia que sem a existência de uma imprensa forte era impossível construir um cenário democrático e capaz de dar ares de civilidade ao município festejaram a chegada de Elias Reis a presidência do sindicato dos radialistas de ilhéus. Em poucos anos, Elias fortaleceu o sindicato, regularizou a situação dos radialistas, fez os órgãos de imprensa passar a cumprir rigorosamente a lei, conseguiu uma sede de qualidade para abrigar o sindicato, qualificou radialistas e jornalistas, pleiteou com sucesso a criação de uma sala de imprensa no poder legislativo, e tornou o sindicato dos radialistas de Ilhéus o melhor da Bahia,e reconhecidamente um dos melhores do Brasil no período hodierno.
A lista dos notáveis feitos de Elias Reis a frente do sindicato incluiu ainda a participação ativa da imprensa local em varias ações e movimentos sociais, como o combate a pedofilia, e a construção da praça do radialista, algo importante e simbólico para os radialistas e a imprensa ilheense. A contribuição de Elias Reis, portanto, rompe as esferas da categoria por ele representada e se consolida como o núcleo da construção de uma sociedade ilheense moderna e democrática, com uma imprensa atuante e fiscalizadora.
Hoje, analisando o cenário político e social de Ilhéus, é fácil compreender que competência é algo para poucas personalidades, pois muitos pensam que a tem sem a possuir, e difícil compreender como o executivo municipal não convida para as suas fileiras personalidades competentes e dinâmicas como Elias Reis, que seria, por exemplo, um excelente secretario de planejamento para a prefeitura. Fica a sugestão de nomeação, pois a função de um secretario de planejamento, é, obviamente, planejar, e planejar é o que Elias mais sabe fazer. O radialista e presidente do sindicato dos radialistas de Ilhéus planejou a construção de uma sociedade pautada na ética, na legalidade, na competência e nos valores democráticos. Fica a homenagem desse humilde cientista político a um ícone de nossa sociedade, e ao nosso povo, que tem se mostrado cada vez mais inteligente e dotado de criticidade, capaz de alicerçar de forma definitiva uma cidade mais justa e decente.
Chico Andrade é Geógrafo, escritor, professor e cientista político.