Soldados da Otan mataram todos os integrantes do talibã que aterrorizavam a capital do Afeganistão desde a terça-feira (13).
Helicópteros americanos foram usados desde ontem nas operações de bombardeio os talibãs entrincheirados em um alto prédio em construção no centro de Cabul. A capital do Afeganistão viveu pela primeira vez um ataque coordenado, que atingiu vários dos locais mais importantes da cidade. Os combates, que começaram no começo da tarde de terça-feira (13), prosseguiam até a manhã desta quarta-feira (14).
A equipe de reportagem do Bom Dia Brasil passou em várias das áreas atingidas horas antes quando foi entrevistar um ex-ministro do Talibã. Ansara Mawlawi botou a culpa desse conflito nos americanos. Disse que o Talibã saiu do poder sem lutar e que aceitou o presidente Karzai, mas que aí começaram a ser atacados e, quando capturados, mandados para a prisão de Guantánamo – e que isso não se esquece.
No Afeganistão, o mais importante é honra, hospitalidade e respeito. Se alguma dessas coisas faltar, vingança. É o olho por olho, ou olhos por olho. Cada vez que os soldados americanos fazem um erro e matam algum inocente, isso só piora. Vingar-se é compulsório, quase uma obrigatório. Não se vingar traz vergonha para a família.
Em uma rua ao lado do zoológico, fica um dos quartéis atacados. Perto do Ministério do Interior também teve combate. É onde fica a “Chicken Street”, “Rua das Galinhas”, que normalmente vive de vender artesanato para estrangeiros. Ninguém vai mais ao local. Um homem indignado fala que tudo piorou muito no último ano e que, sem segurança, não tem freguês que venha.
Na mesma rua, se vê mais um prédio sendo construído. Cabul está crescendo, mas cada prédio se transforma potencialmente em uma dor de cabeça para o governo e para os americanos. São plataformas de ataque para o Talibã escolher alvos com facilidade.
A embaixada dos Estados Unidos, a sede do comando das tropas da Otan e dizem que até o Palácio Presidencial foram atingidos. Um homem-bomba se explodiu perto do aeroporto, outro foi morto a tiros próximo de onde passam todos estrangeiros que chegam a Cabul. Por terra, é muito perigoso.
Mas o alvo que foi atingido em cheio foi a mensagem dos governos afegão e americano de que tudo vai melhorar e de que o Exército local vai poder sozinho cuidar da segurança do país. Se não consegue proteger o bairro mais rico e importante da cidade, poucos acreditam que vá poder fazer isso com um país inteiro