O rigor da Presidenta, o “processo civilizatório” e a Ferrovia da Gabriela


A Ferrovia da Gabriela passa por cavernas e exige aditamento
Faz parte do Novo Testamento da Religião Neoliberal (o Velho, como se sabe, foi escrito pelos evangelistas dos Chicago Boys, do Pinochet) dizer que a Presidenta não contém os gastos.

Que o Governo “solta as marras” e deixa a despesa correr solta.

Clique aqui para ler “acabou a munição neoliberal” e “os Pais do Real não têm nada a declarar”.

A revista Carta Capital que começa a chegar às bancas, em São Paulo, nesta sexta-feira, traz importante entrevista de André Siqueira e Sergio Lírio com Miriam Belchior, Ministra do Planejamento e segunda mãe do PAC.

(O amigo navegante se lembra que, ao ter que engolir o Tony Palocci pela goela abaixo, a Presidenta tirou o PAC da Casa Civil – ou seja, das consultas do Palocci -  e entregou à Ministra Belchior.)

Diz a Ministra Belchior:

- não vai reduzir o superávit fiscal;

- não vai “soltar as amarras”;

- os cortes não cortam o PAC nem os investimentos sociais (quer dizer, no Brasil, o neoliberalismo não consegue tomar dinheiro dos pobres em nome da “racionalidade” teológica (sic));

- há 20 anos não havia problema nas licitações, porque não havia – a todo vapor, como agora – o TCU, o IBAMA, o PiG (*). Até porque nessa época – no cinzento Governo FHC – não se tinha o hábito de fazer obra de cimento e tijolo;

- a lei de licitações prevê reajuste. Logo nem todo reajuste ou aditamento é criminoso;

- a Ferrovia Oeste-Leste na Bahia (por que não chamá-la de “Ferrovia da Gabriela”, já que ela chega a Ilhéus … E “Ferrovia Oeste-Leste” é de lascar …), por exemplo, vai passar por cavernas – e isso vai exigir reajuste.

Como a Gabriela, a Ferrovia é espetacular e marcará a história da Bahia. 

Na mesma edição da Carta, na página 25, Delfim Netto, na seção “Sextante” – onde costuma desconstruir o Novo Testamento Neoliberal – mostra que a política fiscal da Presidenta é “bem melhor do que as pessoas querem acreditar”.

E mais: 

A inflação no Brasil, segundo Delfim, tem dois ingredientes.

Um, a inflação importada.

E, dois, um descompasso entre a oferta e a demanda de mão de obra mais qualificada, menos disponível. 

“Estamos passando por um processo civilizatório que melhorou a vida das pessoas e elas procuram se acomodar em outros nichos com formas novas buscando um nível superior de qualidade de vida, mudando inclusive de profissão”, diz Delfim.

Deve ser a Classe C do Stiglitz.

Esse Nunca Dantes …


Paulo Henrique Amorim



(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.