Por Vladimir Hughes. Quando vemos mais uma crise econômica abatendo sobre o sistema, o velho e surrado Marx ressurge com um dos seus calos doloridos sobre a ótica e ética do capitalismo americano. Apesar de partidos ditos de esquerda abandonarem a sua doutrina política, é no campo econômico que este cara apresenta seus melhores resultados. A crise americana é sem sombra de dúvidas aterradora. A visão neoliberal ligada ao Partido Republicano poderá levar o país à falência. Na última vez que isto aconteceu, este país tinha um presidente republicano que foi sucedido por um democrata pragmático, inclusive aclamado pelas oligarquias de comunista. Por outro lado, tinha um economista chamado Keynes. O que se pregava era simples: vamos enterrar dinheiro em garrafas, quem achar é o dono. Ou seja, o Estado vai participar ativamente da economia, enterrando as garrafas (fazendo investimentos) e o povo vai acha-las (trabalhar).
O que fazer quando o Estado nada pode fazer? O estado americano, na gestão Obama, ampliou a malha de seguridade social, para tentar melhorar os efeitos danosos da crise. Os Bush´s, senhores da guerra, ao contrário, reduziram impostos dos mais ricos, diminuíram a carga tributária e elevaram os gastos públicos com sucessivas guerras, ao final, uma relação dívida/PIB quase igual a 1 (um), ou seja, tudo que se produz vai para pagar dívidas. Os Bancos Centrais americanos que emitem moeda são propriedade de diversas instituições financeiras, ao invés de pertencer ao governo. Como o império romano foi invadido pelos bárbaros, hoje nos Estados Unidos, existe a presença maciça de produtos de outros países, que leva o americano médio ao desemprego e a falência.
O que isso tem haver com Marx. Tudo. Ele previa crises no sistema. Ele previa que a margem de lucros dos setores econômicos, quando aumentava o capital morto (equipamentos/máquinas), diminuía. Ele previu que a geração de dinheiro gerando mais dinheiro seria altamente prejudicial para o sistema, pelo simples fato de não envolver trabalho humano nesta relação. Posteriormente, o economista revolucionário russo chamado Kondratieff previu ciclos de quarenta a setenta anos. A depressão americana foi de 1930 e seguiu em queda livre até o início da década de quarenta, com o início da segunda guerra mundial. Acaso Kondratieff esteja correto, estamos caminhando para uma grande depressão econômica.
Os sinais de que isto poderá acontecer estão claríssimos. A crise Europeia e americana em conjunto ou separado, podem provocar um forte efeito negativo sobre a economia global. Se menos americanos e europeus consomem, menos produtos podem ser vendidos a eles, a China e o Brasil grandes exportadores de produtos deixam de ganhar, e como o nosso crescimento estão vinculados, caem os nossos PIB´s e vamos ter que utilizar as reservas cambiais para fechar o nosso balanço de pagamentos. Com menos dólares, menos importações. O contágio de uma febre desta poderá implodir países inteiros.
O que o Brasil deve fazer para sobreviver a este contágio? Primeiro – preparar o mercado interno para o consumo e o mercado de trabalho; segundo – estruturar as indústrias para a competitividade interna, inclusive favorecendo créditos mais em conta para a inovação tecnológica; terceiro – estruturar o sistema financeiro brasileiro para o processo de globalização do mercado, através de compras de bancos de outros países; quarto – preparar as empresas brasileiras para aquisição de similares internacionais. Esta janela de oportunidades poderá estabelecer uma globalização tupiniquim. Este é o momento do Brasil partir para o ataque.
A companheira Dilma já deve ter percebido isto. Pois vem criando programas audaciosos na questão da qualificação profissional e o combate sistematizado da pobreza. Apesar de seu antecessor ter perdido esta janela de oportunidades, acredito que a nossa presidente vai trabalhar para que o governo sobreviva a esta situação lastimável.