Após escândalos do PIG, Globo lança “princípios editoriais”




“Os veículos jornalísticos das Organizações Globo devem ter a isenção como um objetivo consciente e formalmente declarado”, diz o manual de princípios da Globo. Entretanto, a manchete desmente o documento. Isenção é isto?

O Jornal Nacional deste sábado traz uma novidade curiosa. A empresa divulgou, com grande destaque, um documento intitulado “Princípios editoriais das Organizações Globo”.
Algo motivou a Globo em tal investida, evidentemente. Mas o quê?
Por telefone, conversei com a jornalista Conceição Lemes, do blog Viomundo. Ela não viu a matéria do Jornal Nacional mas lembra dos sucessivos escândalos do conglomerado midiático de Rupert Murdoch, envolvido em diversos crimes, inclusive a utilização em larga escala de grampos telefônicos na Inglaterra. Para Conceição Lemes, esta pode ser uma pista importante a seguir para entendermos os tais “princípios editoriais”.
O escândalo Murdoch acendeu a luz amarela das grandes corporações midiáticas de todo o mundo, inclusive na Globo.
Em seguida, lembro eu, veio a denúncia bombástica de Rodrigo Vianna, jornalista que divulgou a disposição da Globo em fritar Celso Amorim.
Outro fato pode ter contribuído para a iniciativa dos Marinho: a concorrência é cada vez maior e a Record está na cola da Globo, investindo alto em jornalismo e roubando anunciantes importantes e uma fatia grande da audiência. O “manual” seria uma forma de acalmar os anunciantes, cada vez mais preocupados com a credibilidade dos veículos em que anunciam.
Coincidência ou não, a verdade é que a Globo resolveu reagir e agora, só agora, afirma seus “princípios”. Quer dizer que até este momento a empresa não tinha “princípios”?
Como diz o ditado, Jaboti não sobe em árvore.
Entretanto, ao analisarmos a manchete do jornal O Globo sobre a demissão do ex-ministro Nelson Jobim e sua substituição por Celso Amorim, chegamos a conclusão de que o documento ainda não foi colocado em prática.
Diante do fato novo, O Globo estampou na manchete: “Dilma troca ministro de Lula por ministro de Lula”. Isto lhe parece uma manchete isenta?
Vai ver o documento só tem validade a partir da data de sua publicação(6/08), por isso não retroagiu à manchete de O Globo.
Será?
Por Charles Carmo