É possível separar o desgaste do governo da sucessão, afirma Alisson Mendonça
É possível separar o desgaste da administração de Ilhéus dos partidos que fazem parte da base aliada do prefeito Newton Lima? Para o secretário municipal de Planejamento, Alisson Mendonça, é sim. O secretário, que é filiado ao Partido dos Trabalhadores e se coloca como pré-candidato da sigla à sucessão em 2012, acha que é possível separar gestão de política e afirma que nem mesmo o PSB, partido de Newton, deve pagar o preço do atual desgaste do Palácio Paranaguá. E a quem, finalmente, caberia isso? "Essa avaliação é da administração de Newton (Lima). Não é uma avaliação política, por que não é um desgaste do PSB, do PT. É um desgaste do grupo, da administração que governa a cidade", disse Alisson nesta quinta-feira (11) pela manhã, durante entrevista exclusiva concedida ao Jornal Bahia Online. Na gravação, Alisson diz que o PT participa do governo, mas não tem nenhuma aliança antecipadamente formalizada de apoiar ou ter o apoio do prefeito. "O PT quando foi convidado a participar da administração, não fez um acordo político com o prefeito. Fez um acordo administrativo, de usar a sua força no sentido de ajudá-lo a governar. Quando ele exonerou todos secretários antes de entrarmos na base, ele sinalizou: quero ajuda. E nós colocamos o interesse da cidade à frente do interesse político, tentando ajudar", afirmou. A entrevista é polêmica. Nela, Alisson também afirma que, pelo menos neste momento, o partido está unificado em duas questões já pensando na sucessão de Newton Lima. "O PT vai ter candidato. Ponto. Outra coisa que está muito bem definida é que não faremos prévias. Não vamos esperar para junho do ano que vem pra fazer uma prévia e começar a discutir. Vamos decidir logo quem será o nosso candidato". Acompanhe os principais trechos da entrevista. Na base aliada municipal e convivendo diariamente com os desgastes - que são do conhecimento de todos - da administração, como ter chances de disputar e vencer esta eleição de 2012? O PT é disparado o partido que criou as melhores condições políticas para lançar um candidato a prefeito de Ilhéus. O Partido dos Trabalhadores, para não falar da eleição da presidente Dilma (Rousseff), da reeleição do governador (Jaques) Wagner, nós temos 17 ministros no governo, 10 deputados federais, 14 deputados estaduais. Temos uma musculatura que nenhum partido daqui da cidade tem. E temos mais: bons quadros militando no PT de Ilhéus capazes de encabeçar esta proposta. Mas esta eleição em Ilhéus será assim mesmo? De quem está ao lado de Dilma e Wagner? Ou será de quem está a favor e contra o governo municipal? O desgaste existe. A avaliação do governo não é boa. O governo precisa melhorar isso, tentar acertar, corrigir rumos, corrigir erros administrativos. Mas isso é uma questão da administração. Eu separo isso da política. Essa avaliação é da administração de Newton (Lima). Não é uma avaliação política, por que não é um desgaste do PSB, do PT. É um desgaste do grupo, da administração que governa a cidade. Mesmo por que o governo terá o seu candidato. O PT quando foi convidado a participar da administração, não fez um acordo político com o prefeito. Fez um acordo administrativo, de usar a sua força no sentido de ajudá-lo a governar. Quando ele exonerou todos secretários, ele sinalizou: quero ajuda. E nós colocamos o interesse da cidade à frente do interesse político, tentando ajudar. Nunca tivemos pretensão de dizer que iríamos virar a situação e que o PT iria viabilizar a administração. Fomos com a idéia de constribuir. "Temos uma musculatura que nenhum partido daqui da cidade tem." Do jeito que o senhor está falando, o PT se exime deste desgaste, mesmo sendo peça importante do governo municipal. Isso significa também dizer que o PT e o atual prefeito Newton Lima estarão em palanques diferentes em 2012? Nunca dissemos que estaríamos juntos na sucessão de 2012. Deixamos sempre claro que o PT teria candidato próprio para a Prefeitura de Ilhéus. Portanto, o governo terá seu candidato e o PT também terá o seu candidato também. Como assim? O partido do prefeito já lançou uma pré-candidatura que é a do vereador Alcides Kruschewsky. O prefeito é do PSB, mas não fez ainda a sua definição de como vai se posicionar nesse tabuleiro. Pode acontecer até de o PSB ter o seu candidato e o prefeito optar por um outro candidato. Porque não? Mas o PT não está esperando por este apoio. Até por que não fizemos lá atrás este acordo. O prefeito não está nos devendo isso. Não vamos cobrar esta fatura de que queremos o apoio dele. "O desgaste existe. Mas essa avaliação é da administração de Newton (Lima). Não é uma avaliação política, por que não é um desgaste do PSB, do PT." Mas e se ele quiser apoiar o PT, vocês aceitam? Claro. Nós não somos vaidosos e nem seremos envolvidos pela soberba. Apesar de toda essa força política que temos, queremos o apoio de todos. Não vamos abrir mão de nenhum ilheense na campanha de prefeito. A candidatura do ex-prefeito Jabes Ribeiro é a candidatura a ser batida nesta eleição? Olha, nós não vamos lançar uma candidatura do contra. Vamos lançar uma candidatura do a favor, do novo, do moderno, do andar pra frente. O governador fala sempre com clareza que fazer política é como dirigir um carro, olhando pra frente. Por isso o pára-brisa de um carro é bem maior que o retrovisor. O retrovisor é para de vez em quando você consultar o passado e não repetir os erros do passado. Nós não estamos preocupados quem vão ser os nossos adversários. A preocupação do partido é formar um apoio com uma maior quantidade de partidos da base estadual e estamos buscando isso. É o de menos quem será o nosso adversário. "O PT quando foi convidado a participar da administração, não fez um acordo político com o prefeito. Fez um acordo administrativo, de usar a sua força no sentido de ajudá-lo a governar." Desta vez o PT chega unido? Unificamos que temos que ter uma candidatura própria. Isso ta unificado. Vai ter candidato. Ponto. Outra coisa que está muito bem definida é que não faremos prévias. Não vamos esperar para junho do ano que vem pra fazer uma prévia e começar a discutir. Vamos decidir logo quem será o nosso candidato. Dentro em breve aí o PT anunciará a sua candidatura. E de forma unificada. Mas vocês ficam no governo municipal até quando? Primeiro isso é uma decisão partidária. Até quando o partido entender que a gente precisa constribuir. Nós não temos aquele espírito de dizer, ´olha vamos sair que este barco está fazendo água, não podemos absorver este desgaste e vamos para a platéia do quanto pior melhor´. Tem muita coisa sendo construída junto ao governo do estado e ao governo federal. "Fazer política é como dirigir um carro, olhando pra frente. Por isso o pára-brisa de um carro é bem maior que o retrovisor. O retrovisor é para de vez em quando você consultar o passado e não repetir os erros do passado." O PT ocupa três importantes pastas da administração municipal: saúde, educação e planejamento. A saúde está um caos; a educação, de qualidade questionável. Ilhéus também não planeja. Como convencer a população de que hoje o PT é uma boa opção para gerenciar Ilhéus? Nenhum governo que passou por aqui deixou claro ou discutiu com a sociedade o que é que Ilhéus quer como política pública para saúde, educação, seus investimentos em infraestrutura. Em 1969 Ilhéus fez seu plano diretor estabelecedndo a sua logística de trânsito, circulação, veículos, de acessos à cidade. E estabeleceu que teríamos a necessidade de construir uma segunda ponte de acesso à zona sul e que esta seria do Morro de Pernambuco para o Cristo. Nenhum governo foi capaz de pegar recursos e construir um projeto. Sem ele você não alavanca recursos, não apresenta propostas. Estou dizendo isso para falar do quadro, da necessidade. Estava previsto isso lá desde 69 e nenhum prefeito foi capaz de pensar. Descobriu-se isso agora que o governador disse que fará a obra. Isso foi com uma ponte. Isso é também com educação, saúde. Qual foi a última vez que se construiu uma grande escola em Ilhéus? O IME, no tempo de Eusínio Lavigne. É um absurdo isso. Então a cidade vive é do dia-a-dia, correndo atrás do prejuízo. Não pensa Ilhéus para o futuro. A cidade ainda está acorrentada a métodos de governo do passado, do século 18. "Nós não temos aquele espírito de dizer, ´olha vamos sair que este barco está fazendo água, não podemos absorver este desgaste e vamos para a platéia do quanto pior melhor´." E o que o PT promete de diferente? Fazer um governo transparente, participativo, pensando no futuro e com a sociedade discutindo isso. É preciso debater hoje o que queremos para Ilhéus daqui a 50 anos. O PT não tem vara de condão nem a pretensão de dizer que está em nossas cabeças as soluções de todos os problemas de Ilhéus. O que temos é a forma de governar, chamando a sociedade e discutindo a cidade.
|