Não é difícil vencer o que os amantes de armas definem como “uma das mais duras legislações do mundo”. Basta um -pouco de dinheiro e zero experiência para fazer disparos em um clube de tiro prático. Custa 350 reais o curso de dois dias; depois, 2 reais a bala. Não precisa de registro, teste, nada. Mas nem só de lazer e esporte vivem os clubes de tiro. Eles têm sido a saída para uma crescente leva de cidadãos em busca de armas. É um universo fechado em que, à margem das campanhas de desarmamento, debate-se o modelo de .38 a ser adquirido com auxílio do despachante especializado, enquanto se discute na internet sobre o inalienável direito à defesa pessoal.
Não à toa, a procura cresce. Alguns clubes registram aumento de até 500% na procura nos últimos anos. Segundo o Exército, responsável por fiscalizá-los, em 2004 havia 14 clubes de tiro prático registrados no Brasil. Hoje são 534. A corporação diz que o Estatuto do Desarmamento, aprovado no fim de 2003, originou uma corrida de legalização de clubes, mas não nega o expressivo aumento no número deles, nem na procura por eles. “Os números falam por si”, diz o coronel Aquiles Santos Jacinto Filho, da Diretoria de Fiscalização de Produtos Controlados do Exército.*