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A Polícia Federal em Minas Gerais revelou que tem indícios concretos de que candidatas laranjas a deputada estadual e federal vinculadas ao PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro, falsearam a prestação de contas de campanha.
Após dois meses da abertura do inquérito, a PF fez a primeira operação nesta segunda feira (29) em endereços relacionados ao PSL mineiro, ligados ao ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio.
“Isso é um indício concreto que a gente acha que está amplamente comprovado. Aquelas prestações de contas não refletem a verdade do que efetivamente ocorreu em termos de gastos de recursos”, afirma o delegado Marinho Rezende, responsável pela investigação à Folha de São Paulo.
As investigações tiveram início após a Folha revelar em fevereiro deste ano que o hoje ministro ministro do Turismo de Jair Bolsonaro (PSL), Marcelo Álvaro Antônio, liderou o esquema de candidatas laranjas em Minas durante as eleições, quando chefiava o partido no estado.
O custo médio de um candidato eleito é de cerca de R$ 10 por voto obtido. No caso das candidatas, segundo cálculo da PF, algumas chegaram a gastar R$ 300 por voto. Para a polícia, é um indício de que os recursos não foram gastos efetivamente com a campanha.
Álvaro Antônio nega as acusações de ter patrocinado o esquema de laranjas, e Bolsonaro diz que aguarda as investigações para manter ou não o ministro. A Polícia Federal vê elementos na participação de Álvaro Antônio na fraude.
O caso das laranjas do PSL é alvo de investigações da Polícia Federal e do Ministério Público em Minas e em Pernambuco e levou à queda do ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno, que comandou o partido nacionalmente em 2018.
A operação desta segunda-feira, é denominada Sufrágio Ostentação, a suspeita é de que elas tenham relatado despesas de serviços que não aconteceram, desviando dinheiro para outras candidaturas.
Conforme a Folha mostrou, parte do dinheiro público direcionado por Álvaro Antônio para quatro candidatas do Vale do Aço e Curvelo voltou para empresas ligadas a assessores e ex-assessores do gabinete de Álvaro Antônio na Câmara. Ele exercia o mandato de deputado federal em 2018.
Até agora a Polícia Federal ouviu 40 pessoas e apura o envolvimento de dirigentes do partido no esquema, apontando que o partido teria ludibriado a regra que obriga o repasse de 30% do fundo partidário para candidaturas de mulheres, beneficiando terceiros ou candidaturas de homens.
A deputada federal Alê Silva (MG), foi uma das quatro que afirmaram terem sido usadas ou recebido propostas para serem usadas como laranja.Em entrevista à Folha, Alê Silva relatou a existência de esquema de candidaturas de laranjas comandado por Álvaro Antônio e afirmou ter recebido a informação de que o ministro do Turismo a ameaçou de morte em uma reunião com correligionários, no fim de março, em Belo Horizonte.
O depoimento da deputada foi espontâneo à PF em Brasília e solicitou proteção policial. Ela foi eleita com 48 mil votos, sendo a primeira a relatar o esquema de laranjas. Álvaro Antônio negou ter feito ameaças e que a deputada faz campanha difamatória conta ele. Informações do Bahia Notícias.