A família de Adilma Rodrigues, de 35 anos, uma das vítimas dos desabamentos ocorridos na Muzema, confirmou, na manhã desta segunda-feira (22), que ela morreu. Com isso, chega a 24 o número de vítimas provocadas pela queda dos prédios.
Pouco depois das 11h desta segunda, a assessoria de imprensa do Hospital Unimed Rio, onde Adilma estava internada, divulgou nota também confirmando a morte da vítima. De acordo com a unidade, Adilma deu entrada com quadro de politraumatismo, apresentando sepse - inflamações por todo o corpo –, complicada com alteração sanguínea e disfunção hepática.
Na noite de domingo (21), ela teve síndrome de desconforto respiratório e insuficiência respiratória, morrendo às 4h40 desta segunda.
Os dois prédios da Muzema, comunidade localizada no Itanhangá, Zona Oeste do Rio, desabaram na manhã do último dia 12 – quatro dias depois que a chuva mais intensa dos últimos 22 anos atingiu vários pontos da cidade e provocou a morte de 10 pessoas. Cada um dos edifícios tinha cinco andares.
Segundo a Prefeitura do Rio, os imóveis eram construções são irregulares e chegaram a ser interditados duas vezes nos últimos meses. Os bombeiros encerraram a buscas por sobreviventes neste domingo. O local é controlado por milicianos.
Dois feridos no desabamento ainda permanecem internados: Paloma Paes Leme, de 44 anos, e seu filho caçula, Rafael, de quatro.
Adilma era casada com o pastor Cláudio, primeira vítima da Muzema. — Foto: Reprodução/Facebook
Adilma era casada com o pastor Cláudio Rodrigues - primeira vítima fatal do desabamento, ele foi enterrado no último dia 14 – e mãe de Clara, de 10 anos, agora órfã.
Enterros
Quatro pessoas, todas da mesma família, vítimas dos desabamentos na Muzema, no Itanhangá, Zona Oeste do Rio, serão enterradas nesta segunda-feira (22). Ao todo, 24 pessoas morreram na tragédia que aconteceu na comunidade no dia 12 deste mês.
Nesta tarde, devem ser enterrados Carla dos Santos Batista, de 30 anos, Jeferson da Silva Trajano, de 28 anos, pais dos meninos Enzo, 6 anos, e Arthur, 4 anos. Eles serão sepultados juntos no cemitério do Caju, na Zona Portuária da cidade.
Os corpos dos meninos foram achados pelos bombeiros no sábado (20). Já os de Jeferson e o de Carla foram encontrados na quarta-feira (17), mas a família optou esperar para que todos fossem enterrados juntos.
Vítimas da mesma família de desabamento na Muzema serão enterradas nesta segunda — Foto: Reprodução / TV Globo
A família queria enterrá-los neste domingo (21), mas não foi possível, pois os corpos das crianças ainda passavam por autópsia e tinham que ser reconhecidos pelos familiares.
Carla e Jeferson eram proprietários de um restaurante na Gardênia. Na semana que aconteceu a tragédia, a família estava dormindo no restaurante por causa da forte chuva que atingiu a cidade. As ruas na Muzema estavam alagadas, com muita lama. Eles voltaram ao imóvel por volta de 1h da madrugada e, por volta de 6h, os dois prédios desabaram.
A família contou que Carla, Jeferson e as crianças haviam se mudado há pouco tempo para o condomínio. Eles compraram uma unidade no primeiro andar. Antes, eles pagavam aluguel na comunidade de Rio das Pedras, próximo à Muzema.
Pedido de prisões
Na sexta-feira (19), a Justiça decretou a prisão temporária de três investigados no desabamento de dois prédios na comunidade da Muzema, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. José Bezerra de Lima, o ‘Zé do Rolo’, Renato Siqueira Ribeiro e Rafael Gomes da Costa tiveram a prisão decretada. Eles são suspeitos de construir e vender os apartamentos dos prédios que desabaram.
O pedido de prisão foi feito ao plantão judiciário, que aceitou. Segundo a delegada titular da 16ªDP (Barra da Tijuca), Adriana Belém, não há dúvidas de que eles são responsáveis pelos prédios irregulares.
Segundo Belém, os três já podem ser considerados foragidos. Ela afirmou ainda que equipes estão na rua buscando prender os três suspeitos. Ela pede a ajuda da população caso tenha algum tipo de informação que possa levar a eles.
Em nota, a defesa de Rafael Gomes da Costa diz que ele pratica atividade lícita de compra e venda de imóveis. "Não tivemos acesso aos autos do inquérito e pretendemos colaborar com a Justiça, lamentando as mortes e o desabamento", diz ainda o texto. Matéria original do G1.