ENCONTROS DE IDEOLOGIAS DESENCONTRADAS POR “AMOR” À ILHÉUS


Se o candidato for ficha limpa, por conseguinte, idôneo, confiável, competente, trabalhador, a nós não interessa se ele é de esquerda ou de direita. Ideologia para nós é retidão, coerência e compromisso.

Portanto, se as misturas ideológicas com o objetivo de chegar ao Paranaguá estiverem embasadas na lisura, no compromisso, na probidade, na capacidade e responsabilidade política social, econômica e ambiental, devem ser acolhidas sem contestação. Entretanto, ao contrário, se visarem tão somente defender interesses de grupos, soberania partidária e, sobretudo, nomes que não mereçam a confiança da população, aí, impô-los, principalmente de cima para baixo, é no mínimo um desrespeito.

Seguindo a nossa linha de raciocínio, lastreada na mistura de ideologias, estamos vivenciando nesses últimos dias, o Marxismo-Leninismo se encontrar com o liberalismo, se apaixonar pelo Progressimo, se abraçar com o centro-direita, se encaixar com a direita, se desencontrando consigo mesmo e em versos heptassílabos ou redondilha maior(Obrigado saudoso Professor Pedro Lima), poeticamente concluir a sua recitação: Tudo por amor à Ilhéus.

Atendo-nos tão somente a prevalência partidária sobre o interesse coletivo, entendemos que essa mistura é um tanto quanto indigesta.

Inclusive, Chico Buarque de Holanda retrata com mais realidade esse quadro na sua música “Flor da Idade”, quando diz: “...Carlos que amava Dora, que amava Pedro, que amava tanto, que amava a filha...”.

No palco obscuro que está sendo armado para a encenação das eleições/2012, se o ex camarada Jorge Amado, fosse em vida convidado para participar dessa peça intitulada Encontros Desencontrados da ideologia, não hesitaria em recusar o convite, com um solene: “Vão-te à Pô...! Prefiro comer do meu, porque o de vocês tem veneno”. E se indignaria.

A nosso ver, essa mistura não tem olho no olho, não tem a química de enamorados, não tem compromisso. Tem, sim, lotes e dotes, onde os nubentes assinam previa e ideologicamente a futura ruptura de um casamento de negócios.

E o povo? Ah! Para o povo, qual o mendigo Lázaro, as migalhas de um esplendido banquete e os indigestos efeitos dessa mistura braba.

Os ideologicamente diferentes, são, na essência, igualmente iguais e como na lei física(eletricidade), os iguais se repelem, desse concubinato ideológico, se houver núpcias, poderá haver orgasmo, mas, não haverá descendência. Ainda bem. Estão envelhecendo sem se reproduzirem, portanto fadados à extinção. Felizmente, senão por eles, desconhece-se um movimento de proteção a essa espécie, por outro lado, não existe cientista vocacionado a reproduzi-los em laboratório. Aleluia!

Entretanto, enquanto não nos posicionarmos firmemente contra o poder exercido dos partidos da matriz de Salvador, sobre as suas gerências filiais partidárias aqui instaladas, jamais teremos a autonomia, nem a liberdade de escolhermos livremente um nome da nossa preferência para gerir a nossa Ilhéus, porque, este nome tem sido descartado pelo seu próprio partido, para satisfazer aos interesses de grupo.

A nossa submissão é tamanha que candidatos ao se verem isolados aqui na base, asseguram abertamente: “estamos conversando “lá por cima”. Aqui não decide nada...”. De repente, a Executiva Estadual decide que o candidato da preferência da população será retirado do cenário eleitoral para dar lugar ao candidato do interesse do grupo partidário.

Não interessa os problemas de Ilhéus. Não interessa a preferência dos ilheenses. Interessa, sim, que os donos dos Partidos passam por cima das ideologias, estraçalham a decência, obstaculizando a liberdade do eleitor, para continuar roncando, nas alcovas do Poder. “Nada melhor do que não fazer nada”.

Impostos pela promessa de demissão, os gerentes partidários locais e alguns filiados encontram como saída, para justificar essa costumeira e vergonhosa prática, a desculpa: “Infelizmente, somos homens de partidos e temos que aceitar as decisões superiores”.

Mas, se essas decisões superiores são perniciosas, nocivas, prejudiciais à população, por que apoiá-las?

Lamentavelmente, avião que vai, avião que vem, levando ou trazendo, levando e trazendo os donos dos Partidos com filiais em Ilhéus, ora para acompanhar, ora para determinar quem deverá receber os seus apoios dentro da nossa casa. Enquanto isso, os gerentes dos Partidos aqui sediados, atônitos, são expostos gratuitamente à população, porque apresentam sem segurança o nome do seu candidato e de repente, perante essa população assiste inerte a retirada desse nome para apoiar outro que nada tem a ver com as suas lutas.

A população não tem poder para reformular nem contestar os regramentos estatutários dos Partidos Políticos, mas, tem como arma maior, o voto.

Basta que façamos um levantamento dos Partidos que a partir dessas eleições não tiverem a dignidade de se indignar contra as decisões de cima para baixo, prejudicando e desrespeitando à vontade da nossa população, e não votemos em nenhum dos seus candidatos. Assim, eles ficarão sem voz e sem vez, pois, sem mandatos não terão condições de negociarem cargos, nem de permanecerem no Poder.

Pelas ruas da cidade, em razão do desrespeito, dos encontros das desencontradas ideologias tem sido normal se encontrar profetas do apocalipse entoando a canção do já ganhou, como se a política fosse um jogo diferente dos demais.

A humildade cabe em todo lugar. Infelizmente, na política, o seu lugar é ocupado pela prepotência, pela ganância e pela insanidade. Mas, a sua ausência é sempre a razão do descuido, que levará os afoitos à decadência. Esse filme se repete a cada dia, mas, nem todos o assistem. Os que assistem não aprendem a lição e os que desconhecem e ouvem falar, pagam prá ver. E verão.

Há muita água para correr por debaixo da ponte.

por Mirinho.