Cacá Colchões: "Vi pessoas morrerem, vi caixão passar; ví o que só tinha visto antes em filmes"

                     


Aos 42 anos esta foi a primeira vez que o empresário Carlos Machado, o "Cacá Colchões", esteve internado numa Unidade de Terapia Intensiva. Ele foi vítima da Covid-19, após uma série de casos dignosticados na própria família. O primeiro caso foi com a mãe dele. Diabética e hipertensa, ela também precisou ser internada na UTI. O pai, assintomático, cumpriu a quarentena em casa, onde também mora uma sobrinha, outra vítima do vírus. Cacá foi o quarto da família a se infectar. Passou 13 dias internado. Uma parte deste período na UTI. Mas,  sempre consciente, já que não precisou ser entubado.

Cacá viu de perto os movimentos e a luta dos profissionais da saúde para salvar muitas vidas. "Quando você está diante de 16 leitos de UTI, ouve gritos, gemidos, sufoco das pessoas, jovens, fortes, adultos, senhoras, eu me assustei. Levei um choque de realidade entre a vida e a morte. Achava que o que eu estava vendo ali só acontecia em filmes", disse agora à tarde, em entrevista exclusiva concedida ao Jornal Bahia Online. "Vi um homem falecer, aparentemente saudável, e cinco paradas cardíacas de uma senhora, médicos em cima, equipamentos que você vê só em filmes. Uma luta desesperada que teve fim na quinta parada cardíaca. Ela infelizmente não resistiu", relatou.

O drama de médicos, enfermeiros e técnicos entre as quatro paredes de uma UTI, impressionou Cacá.  "Vi duas pessoas morrerem em minha frente. Me assombrei, orei e mantive a calma. Embora todos atuem dentro de um padrão de enorme respeito, eles fecham cortinas, fazem silêncio, mas você vê o caixão passando", disse. 

Cacá ainda revela que a movimentação na UTI é grande, com entrada e saída de pessoas. "Pedi a Deus para sair o mais rápido possível mesmo tendo um atendimento de excelência. E não foi só comigo, pode acreditar. Vi isso com todo mundo", revela sobre o atendimento e acompanhamento no Hospital de Ilhéus, onde ficou internado.

O empresário começou a perceber que tinha sido infectado pelo vírus na véspera do São João. "Percebi que tinha perdido olfato e paladar. O corpo doia muito", revelou. Com a experiência já vivenciada por outros membros da família, Cacá se isolou imediatamente. Sua atitude foi fundamental para não contaminar nem a esposa, nem o filho pequeno. O quadro, entretanto, continuou a piorar e a febre ficou incontrolável. Foi aí que os médicos decidiram interná-lo. A obesidade era um fator de risco, que preocupava a todos e, a melhor situação, seria o acompanhamento mais de perto, com um sistema de oxigenação melhor e sem precisar ser entubado.

Agora recuperado, Cacá - que é pré-candidato a prefeito de Ilhéus - disse lamentar tanto atraso nos protocolos de internação por parte da Prefeitura, já que considera essa agilidade extremamente importante para salvar vidas. "O próprio governador tem defendido essa tese", alerta. "As pessoas (em Ilhéus) não estão sendo testadas o suficiente.  Semana que vem visitarei vários pontos da cidade e farei denúncias. Tem um governador que está fazendo de tudo para salvar vidas", disse, acrescentando que "é inadimissível perder pessoas por que estas pessoas foram tarde demais encaminhadas para o hospital".

Via: Bahia Online