DELEGADO AFASTADO DE CASO DE ESTUPRO COLETIVO É DISPENSADO DO CARGO

Do 247.


O delegado Alessandro Thiers foi dispensado, nessa terça-feira (7), da titularidade da Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI), nove dias após ser afastado das investigações sobre o estupro coletivo sofrido por uma adolescente de 16 anos no Morro da Barão, na Praça Seca, Zona Oeste do Rio. A delegada Cristiana Bento, titular da Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (Dcav) passou a conduzir o caso.

O chefe da Polícia Civil, Fernando Veloso, disse que a corporação iria "avaliar se houve falta de habilidade na questão do trato com a vítima", segundo relato do jornal Extra. O Ministério Público do Rio também pediu a abertura de inquérito para apurar a conduta do delegado ao longo do caso. J

"O próprio delegado me culpou. Quando eu fui à delegacia eu não me senti à vontade em nenhum momento. Eu acho que é por isso que muitas mulheres não fazem denúncias. Tentaram me incriminar, como se eu tivesse culpa por ser estuprada", disse a jovem em entrevista ao Fantástico, Rede Globo.

Convocado pela Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) na última segunda-feira (6) para falar em uma audiência pública sobre cultura do estupro, Thiers não compareceu ao evento, enviando uma representante para dizer que está de férias. Os deputados decidiram, então, publicar uma moção de repúdio ao delegado.

Ataques à vítima

No dia seguinte ao afastamento das investigações sobre o estupro, conversas mantidas por Alessandro Thiers em um grupo de policiais no WhatsApp mostram que, segundo ele, a jovem não foi vítima de estupro.

"Ela teve relação consentida com uma pessoa e não usou drogas ou álcool nesse dia, conforme ela e as pessoas que estavam com ela declararam. O relato de abuso que ela fala no 'Fantástico', ela relata que foi há tempos atrás e inclusive que os autores não foram mortos pelo chefe do tráfico local por pedido da adolescente. O único crime seria a divulgação do vídeo", disse ele.

O delegado afirmou que "tem o envolvimento claro da adolescente com pessoas ligadas ao tráfico, tendo a mãe inclusive declarado que a filha é a todo o momento aliciada e que bastaria saber atirar para trabalhar no tráfico". Ele continuou e disse que "diversas pessoas, inclusive a própria adolescente, confirmaram que a mesma frequentava a comunidade da Barão, inclusive com contato direto e íntimo com traficantes da área".