Suspeito de receber dinheiro de ONG, irmão de deputado tem conta bloqueada


Delegada que preside o inquérito, Susy Brandão

O esquema de corrupção envolvendo a ONG Pierre Bourdieu, que prestava serviço à Secretaria Municipal de Educação de Salvador, pode ter dado prejuízo aos cofres públicos de R$ 120 milhões. A operação Prometheus, que investiga o caso e foi deflagrada em 2013, ainda rende. Há duas semanas mais duas pessoas foram presas. Hane Adriele Sanches Alves e Patrícia Santos Ramos eram prestadoras de serviço da ONG e tiveram R$ 3 milhões depositados em suas contas pessoais. Agora, a Justiça bloqueou a conta bancária do advogado Michel Reis, irmão do deputado estadual pelo PMDB, Bruno Reis.

Segundo a delegada que preside o inquérito, Suzy Brandão, a Pierre Bourdieu transferiu para a conta de Michel Reis R$ 2 milhões, sem que houvesse algum contrato que justificasse a transferência do valor. “Não reza nenhum contrato”, assinalou Suzy ao Bocão News.

Ao todo, a força tarefa constituída para apurar o caso, pediu o bloqueio da conta de 127 pessoas. A quantidade de pessoas que teriam participado do esquema se agiganta a cada dia, o que temdificultado a finalização do inquérito. “Em vários anos na polícia e investigando nunca vi um caso assim. É tudo muito complexo”, avaliou Susy Brandão, que pediu a prorrogação para entregar o inquérito à Justiça.

O OUTRO LADO - Em conversa com o Bocão News, Michel Reis confirmou que sua conta foi bloqueada, mas negou envolvimento 
com

a Pierre Bourdieu. “Estou indo agora ver o bloqueio da minha conta. Posso garantir que essa ONG nunca transferiu nada para minha conta. Vou pedir para ver os autos do processo. Nem sequer fui informado oficialmente”, afirmou.

Michel disse ainda que todos os seus bens estão declarados no Imposto de Renda de Pessoa Física e Jurídica.

Embora diga que não tenha envolvimento com a Pierre Bourdieu, Michel Reis não negou vinculo com o ex-secretário municipal de Educação, João Carlos Bacelar (PTN), que tenta uma vaga na Câmara Federal. “Já advoguei para ele. Peguei algumas causas em que ele foi parte”, assinalou.

ESQUEMA MILIONÁRIO - Segundo a investigação do MP-BA, a ONG foi contratada pela Secult, com dispensa de licitação, para treinar e qualificar os professores e funcionários de escolas e creches municipais. Foram celebrados três convênios, que envolveram, no total, R$ 100 milhões.

As investigações sobre a ONG tiveram início em novembro de 2012, após um advogado, ex-integrante da organização, denunciar à polícia que teve uma assinatura falsificada em uma ata de eleição da entidade. "A partir daí, passamos a investigar outras ações da organização, até encontrarmos os indícios de superfaturamento e desvio de recursos públicos", conta Susy. Do Bocão News.